Discipulado, antes ou depois da conversão?
Nov 06, 2023Será que podemos iniciar um discipulado antes mesmo de uma pessoa se converter?
Um princípio simples sobre o processo de discipulado mudou a maneira como eu via as palavras de Jesus: "Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações..." (Mateus 28:19a).
Será que, no processo de seguir Jesus, o discipulado pode acontecer ANTES da conversão, e não apenas DEPOIS?
Pode acontecer antes, sim! E talvez... DEVA acontecer antes.
No cristianismo ocidental, uma visão popular pressupõe que o "fazer discípulos" só ocorre depois que alguém "se converte", "entrega a vida à Jesus" ou "responde a um apelo no culto da igreja". E então, pessoas se levantam pra acompanhar esse novo convertido para ajudá-lo e ensiná-lo a viver sua nova vida de fé!
Mas isso também pode acontecer de uma outra forma! Primeiro, o discipulado. Depois, a conversão para uma nova vida.
Vamos dar uma olhada em como Jesus fez discípulos.
1. JESUS NEM SEMPRE CHAMAVA AS PESSOAS PARA UM COMPROMISSO TOTAL LOGO DE CARA.
Jesus convidava aqueles que estavam curiosos, que já buscavam a Deus e que estavam interessados em saber mais, para que o seguissem e convivessem com ele por um tempo.
Vemos isso na Bíblia quando vários homens ouviram João Batista dizer sobre Jesus: "Vejam o Cordeiro de Deus!"
Esses poucos homens curiosos seguiram Jesus. Quando Jesus os notou, perguntou o que eles queriam. "Ah... bem", eles gaguejaram, pegos de surpresa, "só queremos saber onde o senhor está hospedado".
Jesus sabia que eles ainda não estavam prontos para pensar em segui-lo, então disse: "Venham e vejam!" (João 1:35-39), e eles ficaram com ele o resto do dia.
VAMOS CONVIDAR COMO JESUS CONVIDOU: VENHA E VEJA
Da mesma forma, podemos oferecer aos nossos amigos um convite para conhecer Jesus sem precisar pedir - ou esperar - por uma declaração completa de fé.
Quando convidamos amigos que ainda não estão no reino para ler a Bíblia conosco (algo que naturalmente faríamos depois que eles chegassem à fé plena), estamos simplesmente dizendo: "Venha e veja".
Nos Evangelhos, desde o início, quando as pessoas conheceram Jesus, ele lhes pediu que o ouvissem, fizessem o que ele fazia e obedecessem ao que ele ensinava, porque o que ele ensinava vinha de Deus.
Vinte vezes nos Evangelhos, ele convidou as pessoas com o "Me sigam" (Mateus 4:19 e mais). Era um convite simples para um relacionamento de discipulado depois de já terem observado Jesus e experimentado a caminhada com ele.
Nós também podemos fazer isso, desde o início, quando nossos amigos conhecem Jesus por nosso intermédio.
Podemos convidar nossos amigos a "vir e ver" e até mesmo a "seguir Jesus", contando histórias sobre Jesus, incentivando-os a fazer o que ele faz e a obedecer ao que ele ensina, porque o que ele ensina vem de Deus.
Nunca saberemos exatamente quando eles cruzarão a linha da fé para o Reino de Deus.
É por isso que é tão importante começarmos a formar discípulos desde o início, em vez de esperar por uma oração ou declaração de fé específica.
E QUANTO AOS MUÇULMANOS E HINDUS?
Uma vez que as pessoas desses dois blocos religiosos constituem a maioria da população dos povos não-alcançados, é importante que você se pergunte:
"Podemos discipular muçulmanos e hindus (e até mesmo budistas e outros povos não-alcançados) para que tenham fé em Jesus?"
Para muçulmanos, hindus e budistas, Jesus é uma pessoa aceitável para se conhecer, mesmo que eles não o considerem o único Salvador.
Embora possa levar muito tempo para que eles conheçam Jesus além do que sabem, é fácil pedir-lhes que "venham e vejam", que considerem Jesus e até mesmo que o sigam.
Para os muçulmanos, Jesus é um dos profetas mais reverenciados em seu Livro Sagrado, o Alcorão. Ele é chamado de imaculado, o Espírito de Deus e a Palavra de Deus. Jesus, o Messias (Isa al Masih em árabe), é mencionado 99 vezes, mais do que qualquer outro profeta. Diz-se que ele é aquele que voltará para nos julgar na próxima vida.
Então, digo aos meus amigos muçulmanos: por que não conhecer melhor Jesus se ele é tão importante no Livro Sagrado de vocês e será seu juiz na próxima vida?
Para os hindus, não é um problema acrescentar outro deus aos 3 milhões de deuses que eles adoram. Também podemos dizer com sinceridade que Jesus é um guru espiritual, um professor, digno da devoção deles e que vale a pena seguir. Como a devoção a seus deuses (chamada bhakti em hindi) é tão central para os valores de sua fé, podemos incentivá-los lentamente a dar toda a sua devoção a Jesus à medida que eles "vêm e veem".
Então, digo aos meus amigos hindus: por que não conhecer Jesus se ele é um dos melhores gurus espirituais a quem você pode demonstrar sua devoção?
2. JESUS NÃO EXIGIU QUE COMPREENDESSEM QUEM ELE ERA DE IMEDIATO.
Foram necessários três anos (e, para alguns, até mais) para que os discípulos de Jesus abraçassem sua divindade, sua realeza messiânica e tomassem a decisão de entrar de cabeça no Caminho. Eles só ficaram cheios do Espírito Santo depois que Jesus já havia partido e voltado para o céu (Atos 2).
Os discípulos se perguntaram, questionaram e chegaram a conclusões ao longo do caminho sobre quem era Jesus. Ele é um profeta. Ele é o Messias. Ele veio de Deus. Ele é um Rei (mas que tipo de Rei?). Ele tinha poder de Deus para curar. Oh, uau, ele podia perdoar pecados como Deus podia? (Lucas 5:18-25).
Os doze discípulos de Jesus já haviam se comprometido com ele para segui-lo e tinham visto milagres e ouvido muitos ensinamentos antes de ele levantar a questão sobre o que as pessoas que o seguiam pensavam dele. Foi então que ele lhes perguntou: "Quem vocês dizem que eu sou?" (Mateus 16).
Mesmo depois de Jesus ter morrido, Deus o trouxe de volta à vida e ele ficou diante dos discípulos, mas o discípulo que o seguiu por TRÊS ANOS, Tomé, duvidou. Jesus pacientemente permitiu que ele tocasse as cicatrizes em sua mão (João 20:24-29).
Surpreende-me o fato de que, mesmo quando o Jesus ressuscitado reuniu seus doze discípulos na colina antes de subir ao céu, "eles o adoraram, mas alguns deles duvidaram" (Mateus 28:17). Apesar disso, Jesus deu a famosa comissão para que eles "fossem e fizessem discípulos de todas as nações..." (Mateus 28:19a).
VAMOS NOS LIBERTAR DE EXPECTATIVAS RÍGIDAS.
Portanto, devemos ser cuidadosos com nossos amigos que ainda não estão no reino. Devemos dar-lhes tempo para experimentar Jesus, segui-lo e chegar a um entendimento mais completo de quem ele é à medida que o experimentam em suas vidas.
Não precisamos pressioná-los (ou esperar para discipulá-los) para que façam declarações específicas de sua filiação ou divindade imediatamente. Deixe que o Espírito de Deus e a leitura das Escrituras revelem isso à medida que eles descobrem a identidade completa de Jesus por si mesmos - e o que isso significa pessoalmente para a entrega do coração e da vida deles.
Vamos deixar que Jesus se desenvolva em seu entendimento à medida que eles o experimentam. Assim como os discípulos. Assim como NÓS, que ainda estamos caminhando para descobrir plenamente quem é Jesus.
E QUANTO AOS MUÇULMANOS E HINDUS?
Percebi que muitas vezes não estamos oferecendo a graça para permitir que muçulmanos e hindus cresçam em uma compreensão de Jesus Cristo. Devemos ter o cuidado de não pressioná-los para que façam uma declaração verbal tão cedo, especialmente de sua divindade (para os muçulmanos) e de sua única reivindicação de divindade (para os hindus).
Eles podem chegar a uma compreensão mais completa de quem é Jesus muito lentamente.
Lembro-me de ler MUITO ESPECIFICAMENTE os Evangelhos e perceber como os discípulos descobriram lentamente a identidade de Jesus. Talvez você queira fazer isso também. Isso nos dará a chance de sermos pacientes com nossos amigos muçulmanos e hindus.
Devemos mostrar graça e paciência, assim como Jesus fez com Seus discípulos. Aceitar as crenças iniciais dos amigos muçulmanos e hindus sobre Jesus e permitir que eles cresçam em sua compreensão é essencial.
Sejamos como Jesus foi com Tomé e seus discípulos na colina. Vamos oferecer muita graça.
Para os muçulmanos, eles acreditam que Jesus foi um profeta. Sim, ele foi. Podemos aceitar isso com toda a verdade e concordar com eles. Não há problema em não pressioná-los para que declarem sua filiação ou divindade imediatamente, pois eles passarão por momentos tão difíceis quanto os judeus com esse tipo de entendimento.
Para os hindus, primeiro Jesus é um homem bom ou um profeta. Depois, ele poderia ser um deus, mas para eles é um deus (d minúsculo), um entre muitos. Podemos aceitar esse entendimento limitado, à medida que eles crescem em um entendimento mais completo em um relacionamento de discipulado.
É por isso que discipular muçulmanos e hindus PARA DENTRO do Reino de Deus pode ser uma mudança incrivelmente importante na nossa compreensão do discipulado.
Com esse processo, as experiências com Jesus, o Espírito de Deus falando, o poder de Deus e a Palavra de Deus levarão a uma entrega verdadeira e sincera.
Acho que todos nós nunca terminaremos de conhecer e experimentar Jesus de maneiras inéditas.
Compreender que o discipulado pode começar antes da conversão nos liberta das expectativas de uma conversão ou oração. Podemos convidar as pessoas para um relacionamento de discipulado desde o início, reconhecendo que a rendição completa do coração é um processo que leva tempo.
3. O QUE ISSO SIGNIFICA PARA NÓS?
Compreender que o discipulado pode acontecer ANTES de uma completa declaração de fé... é libertador!
Isso significa que nosso objetivo não precisa ser mais "aquela conversa ou "aquela oração" em que nós "evangelizamos" e, PLIM!, as pessoas "são salvas".
Em vez disso, podemos relaxar um pouco e convidá-las imediatamente para um relacionamento de discipulado, sabendo que uma rendição verdadeira e completa do coração geralmente requer um processo de "vir e ver", de descoberta, de questionamento, leitura, oração e discussão com alguém que já está no Reino de Deus.
Convide alguém para ser SEU discípulo mesmo que ele não tenha entrado no Reino ainda - e, então, você pode convidá-lo para se tornar um discípulo de Jesus.
*Essa é uma versão ampliada do primeiro princípio em Cinco maneiras de discipular bem as pessoas, no capítulo quatro do livro "No Outro Lado da Rua e em Todo o Mundo" (Editora Esperança).
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